Por: Marcel Camargo
Infelizmente, temos uma facilidade imensa em guardar dentro de nós tudo de negativo que nos acontece, todas as palavras desagradáveis que nos lançam, todas as falhas que pontuam a nossa jornada. Por outro lado, costumamos esquecer os elogios recebidos, os sorrisos compartilhados, o que dá certo.
Se, ao final do dia, perguntarem a nós sobre o que foi ruim, prontamente listaremos fatos e mais fatos, porém, se quiserem saber o que foi bom, provavelmente demoraremos para responder e conseguiremos nos lembrar de poucas coisas. É que aquilo que machuca vem forte, magoa fundo, dói demais.
A gente se cobra muito e qualquer erro se transforma em algo imenso. Já os acertos a gente parece achar que nada mais são do que obrigação de nossa parte. Se tiramos nota alta na prova, se cumprimos as metas do dia no trabalho, pensamos ter feito o que deveria ter sido feito mesmo, nada de anormal. Já quando não conseguimos, vem a dor e vem a culpa.
É incrível como nós mesmos somos capazes de nos colocar para baixo, de ferrar com a nossa autoestima, de nos sabotar. O sentido contrário disso somente é conseguido quando nos forçamos a agir diferente, quando nos exercitamos no sentido de amar mais quem somos, o que fazemos, o que conquistamos.
Deveria ser natural a gente se valorizar, mas não é. Infelizmente, o mais frequente é se enxergar menor, diminuto, menos do que se é. E essa é uma das razões que causam as dores emocionais e as elevam à enésima potência. Focamos no que foi ruim e alimentamos esse sentimento de derrota, de erro e, consequentemente, de culpa. E a dor só aumenta, porque a gente fica fraco e reluta em enxergar que também houve o que foi bom, que há quem goste da gente, que recomeços existem e são possíveis.
Temos que enfrentar a nossa escuridão, aceitando os erros e corrigindo nosso comportamento, para que a gente supere, avance e abrace novas chances. Entender que a dor vai passar e que ela é útil ao nosso aprimoramento como pessoa ajuda nesse processo de cura emocional. Não podemos é achar que acabou de vez, que nada mais importa, que nada mais vai dar certo.
Caso seja necessário, a gente tem que procurar ajuda profissional. Pedir ajuda não é feio, faz parte da humanidade que todos temos aqui dentro. Dor no corpo a gente ameniza com medicação. Dor emocional é mais difícil, porque vem de dentro, vem de onde poucos ousam entrar. Mas também passa, também tem cura. E o sol nascerá de novo, junto com cada um de nós.
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ilustrações de um artista japonês desconhecido, denominado por Avogado6
Via:Conti outra
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